domingo, 21 de março de 2010

A DIFÍCIL ARTE DE AGRADAR A TODOS

Nossa, que dia é hoje? Segunda? Terça? Sei lá.... Há dias que estou trancada dentro de casa sem ver o sol nascer! Minha vida se resume em acordar, abrir a porta para a empregada e voltar a dormir. Acordar mais tarde, perguntar o que tem para o almoço, almoçar e retornar para a cama, num movimento cotidiano e repetitivo.
O mundo continua lá fora. Sol. Lua. Nascimentos e mortes das pessoas... Mas eu continuo aqui a me esconder dessa sociedade. Não quero colocar minha cara na janela. Não quero ter que ouvir o telefone tocar. Não quero receber visitas. Quero viver feito uma ermitã, isolada de todos.
Pouco me importa se algum avião colidiu com outro. Se alguma tragédia aconteceu, acontecerá, sei lá. Tão pouco sei as rédeas da minha vida. O que se passa nela! O que acontece com ela?
Filhos indagam-me a todo momento, se meu amor é imenso de fato. Com certeza é! Filho é algo inquestionável em qualquer escala de proporcionalidade. São nossas continuações em futuros próximos. São nossos códigos genéticos a perpetuar neles por mais gerações e gerações.
Mas filhos não quer dizer que continuaremos a existir através deles! Eles terão suas próprias opiniões, seus próprios questionamentos! Estou aqui apenas para contribuir com uma pequena parcela daquilo que acredito e do que aprendi nessa vida e consegui transmitir a eles. Se tocará à frente, pouco provável.
Vejo pelo pouco que aprendi com meus familiares: mãe, avôs, tios etc. Tudo foi para mim ponto de indagações a respeito dos questionamentos e crendices deles. Não posso e não conseguiria viver minha vida baseada em preconizações familiares.
Agradar a todos impossível!!! Por mais que eu tentasse incutir em minha mente suas formações e crendices, minha personalidade era mais forte e massacrava essas peculiaridades devastadoramente.
Nesses últimos dias fui levada por uma enxurrada de contradições.
Será que sou boa ou má?
Será que sou agradável ou não?
Sincera e humilde, sei que sou…
Se falo, estou errada…
Se calo, mesmo calada sou julgada como prepotente e esnobe…
Hora… Faça-me o favor!
Tenho o direito de me proteger, o direito de me afastar, porque dentro de mim há uma bússola certeira e afinada que acusa a hora de parar; a viagem, descer na estação mais próxima e encurtar a estrada…
Se sou desagradável porque sou autêntica, continuarei sendo desagradável, já que não me rendo à conversas enganosas e cheias de segundas intenções…
Não sou de usar cabresto, muito menos bailarina para ser levada pelos sons…
Se alguém quer minha amizade, terá, desde que a sua seja de fato amizade.
Não use, por favor, de meias palavras, meias conversas, meias verdades…
É difícil agradar quando a meta da maioria é olhar para o próprio umbigo…
Exterminada será e a minoria será um fato.
Mas por que agradar?
Pra quê?
Eu desisti dessa arte. – Ou artimanha?
Ser popular é caminho para a mediocridade, é perder a própria identidade…
O artista por melhor que seja conquista a fama e perde a liberdade…
Entre o dono da boiada e os bois, não serei pasto, me afasto…
Não me abalo, não me arrasto…
Faço parte de um grupo de poucos…
Como agradar muitos nesse teatro de loucos?
Se o maior Homem do mundo , não conseguiu agradar a todos?!…

Andréia Antonio